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A Difícil Questão dos LIMITES - Por Onde se Começa?

  • Foto do escritor: Sheyla Borowski
    Sheyla Borowski
  • 18 de ago. de 2019
  • 3 min de leitura

Limite significa restrição e serve para proteção.


O bebê humano nasce selvagem como os bebês animais, mas tirando as diferenças é inegável que todos precisam de mãe e de pai para pertencerem ao seu grupo social.


​Entre os animais, são as mães e às vezes os pais que protegem seus filhotes enquanto são dependentes, mostrando-lhes seus limites, de acordo com a sua espécie.


​Já entre os humanos, essa função é cada vez mais transferida a pessoas estranhas à família que, por mais boa vontade que tenham, apenas fazem seu trabalho. Nesses casos, não se pode esperar que as criancinhas compreendam as restrições que lhes serão impostas se não tiverem nenhum sentido amoroso, pois elas são incapazes de entender a lógica desse trabalho, ao contrário, elas apenas sentem o que vivem.


​Daí que as restrições feitas de forma impessoal serão sentidas pelos pequenos como desaprovação e não como cuidado e proteção, então facilmente sentirão medo de abandono por isso.


​Tenho me perguntado o que há de errado conosco, os humanos, que apesar de termos consciência, afetividade, criatividade e inteligência, somos justamente os que delegam os cuidados essenciais de seus filhos a outros, estranhos e distantes de seu grupo familiar?

​Não parece que estamos na contramão do que é civilização? Será somente pela falta de conhecimento sobre o que necessita uma criança nos seus primeiros anos de vida?


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Ter um filho vai muito além da fantasia romântica das propagandas para o dia das mães, pois logo esse ser tão mimoso, frágil e indefeso vai “virar de cabeça pra baixo” a vida de seus pais e de toda família. Por um longo tempo – no mínimo uns três anos – ele exigirá TOTAL disponibilidade de quem deverá cuidar dele, pois esse frágil tirano vem com necessidades inatas inadiáveis e você, mesmo sem entender muito, terá que satisfazê-lo de imediato, tentando desse ou daquele jeito, às vezes já sem ânimo, até que ele se acalme. Você perceberá também que não tem hora pra isso e que necessidades não são agendáveis, portanto, nada disso é uma questão de escolha sua ou dele, pois a natureza simplesmente é assim! Haja tolerância!


​Pois é… se você decidir ter um filho, o melhor que puder dar a ele é VOCÊ mesma, com toda sua imperfeição, principalmente nos primeiros três anos, porque ele vai precisar constantemente ser acalmado e confortado. Essa é uma necessidade de que ele não pode renunciar, sob hipótese alguma. E acredite, ninguém faz melhor isso do que mãe e pai, mesmo que inicialmente estejam ansiosos e inseguros. Portanto:

  • não idealize a maternidade.

  • não busque a perfeição, tente fazer o que você puder, que já será o suficiente; se existisse mãe ideal não seria desse mundo.

  • alterne os cuidados com o pai, compartilhando a maternagem; será bom para todos,

  • confie em você como mãe, apesar de todos os palpites ao redor; aceite que não vai acertar sempre mas tente pela intuição;

  • procure ter paciência e boa vontade, que aos poucos irá alcançando um alto grau de adaptação às necessidades de seu bebê;

  • não desanime e verá que já desde o final do primeiro mês as tarefas começarão a ficar cada vez menos difíceis e mais prazerosas. Essa conquista é gradativa e se você persistir, certamente terá muitas recompensas;

  • e por último, não acredite na falsa idéia de que é bom para o bebê ir para uma escolinha antes dos três anos, porque isso é uma grande inverdade. Só é bom para os pais…e às vezes.

  • tenha em mente que a maior necessidade de seu bebê não é de outras crianças, mas de ser cuidado de forma personalizada.


Saiba que é nesses cuidados personalizados e amorosos dos pais que estão os alicerces para a saúde mental da criança e não no que ela poderá aprender fora do lar, pois confiança e saúde mental não se aprende, se vivencia.


​Respondendo, então à pergunta inicial, tudo começa com os pais, no momento em que nasce um filho, pois é quando deverão decidir a quem caberão as maiores renúncias, a eles mesmos ou ao filho.


​Se couberem aos pais as renúncias, a criança ganhará em qualidade de vida, em confiança em si mesmo e no mundo e terá bases mais sólidas para sua futura saúde mental. Com isso, ganharão também os pais e ganhará a sociedade.


​Mas se couber ao filho renunciar, só ganharão os pais, em espaço e tempo para seguirem nas suas realizações pessoais e, ainda, de se afastarem do sufoco de suas funções paternas. Neste caso, é a criança que terá de fazer sacrifícios pessoais, o que acarretará em prejuízos na aquisição da segurança em si mesmo e no mundo.


​Minha convicção é de que, neste caso, todos perdem: a criança, os pais e também a sociedade.

 
 
 

1 comentário


leticiawfranco
27 de mar. de 2023

Sempre trazendo muita reflexão, além de boas "dicas" para todos que te leem/escutam. 😘

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